Corte proíbe desembolsos da Valec e BNDES em favor
da empresa, que acumula dívida bruta de 35,3 bilhões de reais
Em decisão
tomada nesta quarta-feira, o ministro-relator Walton Alencar Rodrigues
determinou que a estatal Valec e o BNDES paralisem imediatamente qualquer tipo
de repasse financeiro para a ferrovia(Oscar
Cabral/VEJA)
O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a paralisação imediata de
desembolsos de recursos públicos para bancar as obras da ferrovia Transnordestina,
um dos projetos de infraestrutura mais atrasados do país.
Em decisão cautelar tomada na quarta-feira, o ministro-relator Walton
Alencar Rodrigues determinou que a estatal Valec e o BNDES paralisem
imediatamente qualquer tipo de repasse financeiro para a ferrovia. A decisão
também impede desembolsos por meio do Fundo de Investimento do Nordeste
(Finor), Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) e Fundo de
Desenvolvimento do Nordeste (FDNE).
Ao embasar sua decisão, Rodrigues lembrou que, em audiência pública na
Câmara, o diretor-presidente da Valec, Mario Rodrigues Júnior, esclareceu que,
até dezembro do ano passado, já haviam sido aportados cerca de 6,14 bilhões de
reais na Transnordestina, e que a Valec teria sido obrigada pelo governo a aportar
mais recursos em 2016, mesmo sem que a empresa tivesse recursos suficientes
para a execução das obras públicas sob sua responsabilidade, como a Ferrovia
Norte-Sul e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste, e até sem estudo de
viabilidade. "Eis a irresponsabilidade com que a matéria vinha sendo
tratada pelo poder executivo", declarou o ministro-relator, em sua medida
cautelar.
Na terça-feira, o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes
anunciou que vai deixar a presidência da Transnordestina, empresa subsidiária
da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) responsável pelas obras da ferrovia no
Nordeste. Ele estava no cargo desde fevereiro do ano passado e tinha aceitado o
comando da empresa com a promessa de dar um jeito nas obras da Transnordestina.
Sem os repasses do governo, a situação do projeto se complica de vez, já
que a empresa acumula uma dívida bruta de 35,3 bilhões de reais. No início do
mês, Paulo Caffarelli, diretor executivo da CSN, disse que projeto da
Transnordestina corria o risco de ser paralisado. Caffarelli declarou que esse
projeto, para avançar, não depende do grupo, mas do governo.
Obra orçada inicialmente em 7,5 bilhões de reais, a ferrovia foi lançada
em 2006 deveria ter sido entregue em 2010. Dez anos depois, não tem mais data para
ser entregue.
(Com Estadão Conteúdo)
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